quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Impressão digital volta ao debate com novos iPhones

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Reuters

O último lançamento de produtos da Apple Inc., além de atualizar sua linha de iPhones, pode dar vida nova a uma tecnologia que fracassou em sua primeira tentativa: o escâner de impressões digitais.

A leitura de impressões de dedos em computadores e celulares tem sido proposta há tempos como uma forma de evitar a necessidade de senhas para autenticar usuários de vários dispositivos. A Apple incluiu um escâner de impressões digitais no iPhone 5S, a versão mais cara dos novos smartphones apresentados pela empresa de tecnologia esta semana em sua sede, em Cupertino, na Califórnia.

Dada a influência da Apple, outras empresas devem imitá-la. Pelo menos um novo smartphone programado para este ano que usa o sistema operacional Android, do Google Inc., virá equipado com um sensor de impressões digitais semelhante, segundo uma pessoa a par do assunto. Um porta-voz do Google se recusou a comentar.

Por trás da iniciativa está o crescente reconhecimento de que as senhas são uma forma falha de proteger as informações dos consumidores, especialmente em dispositivos móveis, mais suscetíveis a roubos e perdas. Além disso, os avanços tecnológicos tornaram os escâneres de impressões digitais mais precisos e confiáveis.

"Seu uso não era confiável no dia a dia", diz Kevin Mahaffy, diretor de tecnologia da Lookout Inc., empresa de segurança digital, que tentou ser um dos primeiros adeptos da tecnologia há dez anos, quando comprou um escâner de impressões digitais para seu computador de mesa.

A Motorola Mobility LLC, unidade do Google, incluiu um sensor de impressões digitais no celular Atrix 4G em 2011. Ela deixou de usar o sensor em grande parte porque os clientes reclamaram de falhas no escâner, disse uma pessoa a par do assunto.

Mas os receios sobre a confiabilidade das senhas, frequentemente compostas por entre sete e dez letras ou números, continuam a crescer. Fraudadores e hackers têm encontrado uma variedade de formas de roubar ou quebrar códigos que podem ser compartilhados entre múltiplas contas.

Ao mesmo tempo, grandes companhias têm sinalizado que salvaguardas com base em impressões digitais podem finalmente estar prontas. Empresas como Google, LG Electronics Inc., a unidade PayPal do eBay Inc. e a Lenovo Group Ltd. aderiram a uma organização sem fins lucrativos, a Fast IDentity Online Alliance, que defende o uso mais amplo da biometria, entre outras alternativas, para substituir as senhas.

"Parece um ajuste natural", diz Kevin Kempskie, porta-voz da RSA, unidade de segurança da fabricante de hardware de armazenamento para empresas EMC Corp. Uma vez que os smartphones estiverem protegidos com impressões digitais, "você pode fazer uma infinidade de coisas".

Na teoria, escanear o dedo de um usuário pode ser uma forma muito rápida de desbloquear um celular ou autorizar um pagamento. E, ao contrário das senhas, é impossível que uma pessoa não autorizada a acesse.

O sistema também pode ser usado para proteger redes corporativas, atuando muito mais como os "tokens" de segurança feitos pela RSA e outras empresas que geram sequências de números a serem usados com as senhas, diz Kempskie. Um cliente corporativo poderia digitar sua senha e, em seguida, ser obrigado a escanear o polegar em seu iPhone, usando um aplicativo da RSA, por exemplo, para verificar sua identidade.

Eles também podem ser usados para a segurança física. A August, uma empresa novata de San Francisco, planeja lançar em breve uma fechadura que permite aos usuários trancar a porta de suas residências por meio de um smartphone. A companhia provavelmente vai permitir que os clientes usem suas impressões digitais como uma forma adicional de verificação, disse Jason Johnson, o diretor-presidente.

Ainda não está claro como a Apple planeja permitir que desenvolvedores externos empreguem o escâner de impressões digitais em apps, se é que o fará. Uma porta-voz não retornou a um pedido de comentário.

A Apple comprou no ano passado a AuthenTec, empresa especializada em leitores de impressões digitais, e o governo americano recentemente aprovou uma patente da Apple para o seu próprio leitor de impressão digital no iPhone. A companhia, como outros fabricantes de escâneres de impressões digitais, usa frequências de rádio para mapear a superfície do dedo.

Nos escâneres mais antigos, dedos gordurosos ou incorretamente colocados geravam um resultado falso negativo, já que eles conseguiam captar apenas uma imagem por vez.

Os modelos mais novos fazem a leitura da superfície do dedo enquanto ele está em repouso, permitindo a captura de uma a cinco imagens com um único toque. Isso gera imagens reservas em caso da primeira ter uma qualidade ruim, diz Sebastien Taveau, diretor de tecnologia da Validity Sensors Inc., outra empresa de sensores de impressões digitais que trabalha com a Apple.

As impressões digitais, como toda senha ou sistema de segurança, ainda não são infalíveis. Um invasor pode escanear as impressões digitais de uma vítima ou fazer moldes. Os smartphones também podem ser invadidos de maneira a saltar a barreira do escâner.

"Há o perigo potencial de gerar uma falsa sensação de segurança", diz Bret Hartman, diretor de tecnologia da unidade de segurança da Cisco Systems Inc. Ainda assim, o guru de segurança e ex-executivo da RSA diz que "é definitivamente um passo importante na direção certa".

Matéria publicada em http://online.wsj.com/article/SB10001424127887323595004579069424104520750.html

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