sexta-feira, 13 de junho de 2014

O chute mais importante do dia foi visto por poucas pessoas

Cercada de críticas, a primeira demonstração pública do projeto Andar de Novo, do neurocientista Miguel Nicolelis, foi feita na abertura da Copa do Mundo

Getty Images
No dia da abertura da Copa do Mundo, o chute mais importante do dia não foi dado por nenhum dos jogadores que passaram pelo campo. Juliano Pinto, de 29 anos, foi o responsável por ele.

Ele foi o voluntário paraplégico que usou o exoesqueleto desenvolvido pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. O chute, no entanto, passou quase sem ser percebido na transmissão do evento.

Em dado momento na celebração de abertura da Copa do Mundo, Pinto foi levado até uma bola em uma das laterais do campo e deu um leve chute (veja vídeo no final deste texto). Em seu Twitter, Nicolelis comemorou. “We did it!!!!” (nós conseguimos, em português).

O chute foi a demonstração pública do projeto Andar de Novo, de Nicolelis. Ele é resultado de um investimento de 33 milhões de reais do governo federal. Mesmo sendo um avanço científico exemplar, o fato é cercado de desconfiança.

O plano inicial era que o voluntário desse alguns espaços dentro do campo para dar o chute. No momento, no entanto, ele deu apenas um passo fora do campo.

De acordo com o Comitê Organizador, o chute foi dado fora do gramado para que ele não fosse prejudicado. O exoesqueleto que sustentava o corpo de Pinto pesa 70 quilos.

O peso do esqueleto é exatamente uma das críticas de pesquisadores da área. Alguns apontam estrutura como algo pesada e pouco prática, que traria benefício a poucos paraplégicos.

Outra crítica constante ao trabalho de Nicolelis é devido à falta de publicação de trabalhos científicos mostrando os resultados de suas pesquisas. O neurocientista publicou trabalhos detalhando os testes da “interface cérebro-máquina” que foram feitos com macacos ou ratos.

De acordo com a equipe do trabalho (que envolve 156 pesquisadores de vários países) os resultados dos testes com humanos serão publicados nos próximos meses.

Em entrevistas, Nicolelis afirmou que esse é apenas o começo. A tecnologia deve continuar em desenvolvimento para que os exoesqueletos se tornem em uma solução viável.

Andar de Novo

O exoesqueleto é uma estrutura de 70 quilos que permite que paraplégicos possam andar. Com uma touca, o equipamento é capaz de ler impulsos cerebrais.

Os impulsos são processados por um computador que fica localizado na parte traseira da veste. Depois, são transmitidas ordens para que a estrutura faça os movimentos.

Outro ponto ressaltado pelos pesquisadores é uma espécie de pele artificial. Com ela, seria possível simular o tato de quando o pé toca o chão.



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