quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Atividade cerebral revela a base da “luz” em experiências de quase morte

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Pode haver uma explicação científica para as vívidas experiências de quase morte, tais como a luz brilhante que algumas pessoas relatam depois de sobreviver a um ataque cardíaco, afirmam cientistas norte-americanos.

Ao que parece, o cérebro continua trabalhando por até 30 segundos depois que o fluxo de sangue é interrompido, segundo um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

No experimento, cientistas da Universidade de Michigan anestesiaram nove ratos de laboratório e os submeteram a uma parada cardíaca induzida.

Nos primeiros 30 segundos depois que seu coração parou, todos os ratos apresentaram um aumento da atividade cerebral, observado em uma série de eletroencefalogramas (EEG) que indicaram estados mentais de alta excitação.

“Ficamos surpresos com os altos níveis de atividade”, comenta George Mashour, professor de anestesiologia e neurocirurgia da Universidade de Michigan.

“Na verdade, perto da morte, muitos sinais elétricos de consciência excederam os níveis do estado de vigília, sugerindo que o cérebro é capaz de manter uma atividade elétrica bem organizada durante a fase inicial da morte clínica”.

Resultados semelhantes em relação à atividade cerebral foram observados em ratos asfixiados, segundo os pesquisadores.

“O estudo confirma que a redução de oxigênio, ou do oxigênio e da glicose, durante uma parada cardíaca pode estimular a atividade cerebral característica do processamento consciente”, explica um dos pesquisadores, Jimo Borjigin. “Ele também fornece o primeiro arcabouço científico para as experiências de quase morte relatadas por muitos sobreviventes de paradas cardíacas”.

Cerca de 20% das pessoas que sobrevivem a uma parada cardíaca relatam ter tido visões durante um período conhecido pelos médicos como “morte clínica”.

Borjigin espera que o estudo “seja a base de futuros estudos em seres humanos, que investiguem as experiências mentais em um cérebro agonizante, incluindo visões de luz durante infartos”.

A ciência tradicional sempre acreditou que o cérebro permanecia inativo durante esse período, e alguns especialistas questionaram o que um estudo realizado com ratos pode realmente revelar sobre o cérebro humano.

“Sabemos se os animais experimentam algum tipo de ‘consciência’ ? A maioria dos filósofos e cientistas ainda não consegue chegar a um acordo sobre o que isso significa em seres humanos, quanto mais em outras espécies”, argumenta David McGonigle, professor da Universidade de Cardiff.

“Embora pesquisas recentes sugiram que os animais possam realmente ter o mesmo tipo de memórias autobiográficas dos humanos – as lembranças que nos localizam em um determinado tempo e lugar – parece improvável que as experiências de quase morte sejam necessariamente semelhantes em outras espécies”.

Anders Sandberg, pesquisador da Universidade de Oxford, descreveu a pesquisa como “simples” e “bem-feita”, mas pediu cautela na interpretação dos resultados .

“A análise dos EEGs revela coisas sobre a atividade cerebral da mesma fora que ouvir o barulho do trânsito nos diz o que está acontecendo na cidade. Certamente é informativa, mas também representa uma média de uma série de interações individuais”, explica.

“Sem dúvida, algumas pessoas podem supor que essa é uma prova de que existe vida após a morte, o que é uma tolice dupla. Experiências de quase morte são, em si, apenas experiências”, pontua. “Mas se alguém acredita nisso, também deve concluir que a vida após a morte também está repleta de ratos de laboratório”.

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