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Bloomberg News |
Gigantes da tecnologia como Google Inc. e Facebook Inc. estão se esforçando para aumentar seu controle sobre a estrutura física da internet no mundo, acirrando a disputa com as companhias de telecomunicações.
Nos últimos 12 meses, as firmas que fornecem grande parte do conteúdo on-line do mundo aumentaram o investimento em infraestrutura de internet. As iniciativas incluem o financiamento da instalação de cabos submarinos ou subterrâneos, acordos de longo prazo para alugar a chamada fibra óptica escura — cabos instalados, mas não utilizados — e a construção de redes próprias.
No processo, elas estão começando a concorrer com empresas de telecomunicações que as consideram clientes. O Google passou anos montando uma rede privada de cabos de fibra óptica e agora controla mais de 160.000 quilômetros de rotas em todo o mundo, diz uma pessoa a par do assunto. É uma malha maior que a rede de quase 65.000 quilômetros que a telefônica Sprint Corp. opera na área continental dos Estados Unidos.
Executivos das empresas de tecnologia dizem que o objetivo é reduzir custos, melhorar o desempenho dos seus serviços de internet e garantir que elas terão espaço suficiente para absorver o crescente tráfego de vídeos, fotos, jogos e outros conteúdos gerados pelos seus serviços.
O Facebook começou em junho a usar redes ociosas de fibras escuras na Europa para ampliar sua rede e conectar seu novo centro de dados em Lulea, na Suécia, a 60 quilômetros do Círculo Ártico. Tanto o Google como o Facebook vêm investindo em novos cabos submarinos nos últimos anos.
A Amazon.com Inc. e a Microsoft Corp. também estão investindo pesadamente em infraestruturas de rede para acomodar seu crescente negócio de computação em nuvem.
É verdade que os projetos estão gerando uma nova onda de investimentos num setor debilitado por mais de dez anos de preços em queda e excesso de capacidade. Mas as empresas de telecomunicações, já perturbadas pela ideia de acabarem reduzidas a meros canais para um tráfego valioso, temem que a tendência atual possa relegá-las a um papel ainda menor, de meros construtores desses canais.
Ainda assim, o setor está sendo forçado a se adaptar já que o dinheiro — e o equilíbrio de poder — está se voltando para as empresas de conteúdo.
"As regras estão mudando", disse Erik Hallberg, que gerencia a rede central de telecomunicações (também chamada de backbone) da telefônica sueca TeliaSonera AB. A empresa é provedora da rede do Facebook na Europa. "Todos nós no mercado precisamos ter a mente mais aberta."
A perspectiva de uma avalanche de tráfego na internet levou empresas como a Global Crossing Ltd. e a Tyco International Ltd. a gastar bilhões de dólares nos anos 90 com a instalação de fibras ópticas nos EUA, causando um excesso de oferta que quebrou algumas delas e deixou muitas outras descapitalizadas.
O tráfego on-line está agora disparando, alimentado pela transmissão de vídeos e smartphones que estenderam o alcance da internet a milhões de novos usuários, muitos deles de baixa renda e em regiões menos conectadas do mundo.

As empresas de internet estão respondendo ao investir elas mesmas em redes físicas para garantir que podem suportar esse tráfego e se expandir. Essa disposição deriva em parte da redução dos gastos com nova infraestrutura por empresas de telecomunicação, mas também reflete a segurança que as empresas da web veem em possuir seus próprios ativos.
O Google começou sua incursão ao âmago da internet em 2008, quando se uniu a um grupo de investimento para construir uma rede de cabos de US$ 300 milhões conectando a Califórnia ao Japão.
A empresa americana estendeu seu alcance na Ásia com uma malha de cerca de 9.700 quilômetros que ligou seis países, inclusive Cingapura, e entrou em operação em junho deste ano. O Google já fechou acordos de longo prazo para assumir o controle de rotas privadas de fibra óptica conectando seus principais centros de dados às 12 maiores centrais de internet nos EUA, segundo vários executivos do setor.
O custo da eletricidade também está motivando as firmas de conteúdo a investir em fibra óptica. Em vez de construir centros de dados em áreas onde a eletricidade é cara, a Microsoft procura por lugares de energia barata e usa fibras ópticas para conectar os centros de dados aos usuários.
De fato, os centros de dados antes representavam a maior parte do investimento da Microsoft em infraestrutura, mas agora os seus gastos com operações de redes estão "crescendo e atingindo a mesma ordem" de grandeza, disse Christian Belady, gerente geral de centros de dados da empresa americana. Dinâmica semelhante também está levando a Amazon a investir mais na infraestrutura de internet.
O Facebook, por sua vez, fechou um contrato no ano passado com a TeliaSonera para instalar uma rede de alta capacidade por toda a Europa para acomodar o uso crescente da rede social na região. A empresa também conectou seus terminais de internet a um novo centro de dados na Suécia, onde o clima mais temperado permite à empresa economizar milhões de dólares em energia.
"Se você tem dinheiro suficiente e necessidade de largura de banda [...], chega um ponto em que faz sentido construir" suas próprias redes, diz Michael Murphy, presidente da NEF Inc., uma consultoria americana do setor de telecomunicações.
Matéria publicada em http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304858104579264910315902916.html
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