sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Consoles se rendem aos jogos gratuitos

Antes vistas como facções em guerra na indústria de videogames, que movimenta anualmente US$ 66 bilhões, os defensores do console tradicional e dos jogos gratuitos estão firmando uma aliança surpreendente, cada um tentando atrair novos jogadores do campo adversário.
cat
Reprodução
Ambos veem oportunidades para superar as diferenças com uma nova geração de máquinas de videogame da Sony e da Microsoft, aguardadas para novembro.

Os jogos gratuitos, especialmente os criados para dispositivos móveis, podem atrair um novo público ocasional para as novas máquinas. Os consoles, por sua vez, oferecem uma nova porta de entrada para um público fiel, com um histórico de altos gastos com videogames.

"É só uma questão de tempo até que os jogos gratuitos alcancem grande popularidade nos consoles", diz David Reid, diretor de marketing da CCP Games, em um e-mail. A CCP, desenvolvedora islandesa de jogos on-line, criou o "Dust 514", gratuito, um subproduto do seu grande sucesso "EVE", para o PlayStation 3 da Sony e está pensando em possibilidades para o PlayStation 4.

A Microsoft ofereceu há um ano seu primeiro jogo gratuito no serviço de download Xbox Live Arcade e tem ampliado as ofertas. A Sony passou a permitir jogos grátis para o PlayStation 3 e busca mais desenvolvedores independentes para o PlayStation 4. A Nintendo Co. tem provado oferecer alguns títulos gratuitos por tempo limitado.

Os fabricantes de consoles estão pondo em risco seu relacionamento de longa data com as criadoras de jogos ao reduzir as barreiras de entrada para os desenvolvedores independentes.

Está ocorrendo uma espécie de polinização cruzada na indústria: os fabricantes de jogos para consoles estão passando a produzir títulos para smartphones e os criadores de jogos para dispositivos móveis e PCs estão fabricando jogos para consoles.

Os jogos gratuitos, que geram receita por meio de compras de itens virtuais ao longo do jogo, como armas e munição, vêm ampliando muito sua popularidade nos dispositivos móveis, à medida que a velocidade de conexão fica mais rápida e o poder de computação dos celulares e tablets acelera. Os consoles rodam jogos com preço médio de US$ 60 (nos Estados Unidos) para títulos recentes e populares.

O número de usuários de jogos gratuitos e em dispositivos móveis está ultrapassando o de tradicionais jogadores de console em 3 para 1 nos EUA, segundo pesquisa da consultoria NPD Group. Embora os jogadores de console ainda gastem mais dinheiro per capta, o grande volume de jogos baixados nos smartphones fez explodir o mercado mundial de jogos grátis. Em 2013, a receita com jogos gratuitos deve crescer 25%, para US$ 31,85 bilhões, e a de consoles e de jogos para consoles é estimada em US$ 26,24 bilhões, de acordo com a firma International Development Group.

A Sony espera incentivar todos os desenvolvedores a criar jogos gratuitos, tornando mais fácil elaborar jogos para o PlayStation 4. A Microsoft não quis dar detalhes sobre seus planos de jogos gratuitos para o Xbox One, mas um porta-voz disse que a empresa está sempre procurando explorar novos modelos de jogos.

O diretor geral da Nintendo, Satoru Iwata, antes acusava os jogos gratuitos de destruir o valor do software para games, mas agora abrandou sua posição. Quem baixar o "Wii Sports Club" no mês que vem pode ganhar 24 horas de acesso gratuito aos jogos disponíveis e depois comprar passes para acesso de um dia na loja virtual da Nintendo. A empresa também lançou seu primeiro jogo grátis no 3DS, "Darumeshi Sports Store".

Os interesses comerciais dos dois lados talvez estejam se alinhando, mas a divisão cultural entre as duas formas de criar os jogos permanece grande. Os games para console costumam envolver produções em escala hollywoodiana, tomando dois anos ou mais de elaboração e investimentos maciços. Em contraste, o sucesso dos jogos móveis depende de lançá-los rapidamente, depois de identificar as preferências dos jogadores.

Yasuhito Baba, produtor sênior da DeNA Co., firma japonesa que desenvolve jogos para celulares e plataformas de jogos, descreveu os problemas ocorridos quando se uniu a um fabricante de jogos para consoles para desenvolver conjuntamente o recém-lançado "Magic & Cannon", um jogo para smartphones.

"Quando você desenvolve jogos para console, deseja alcançar a perfeição", disse Baba. "Um jogo para smartphone não tem importância alguma se você chegar [ao mercado] atrasado."

Nenhum comentário:

Postar um comentário