segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Galaxy Gear, da Samsung, recebe mais críticas que elogios

“Ninguém vai comprar este relógio, e ninguém deveria fazê-lo”, diz o New York Times sobre o Galaxy Gear, da Samsung, que chega ao Brasil nesta semana

Relógio inteligente Galaxy Gear, da Samsung


Quando a Samsung anunciou o Galaxy Gear, há um mês, ela causou sensação. Muita gente teve a impressão de que a empresa sul-coreana estava saltando à frente de rivais como Apple, LG e Sony e assumindo a liderança do embrionário mercado de relógios inteligentes.

O Galaxy Gear chegou às lojas em diversos países nesta semana e começa a ser vendido no Brasil neste sábado. A TIM vai dá-lo de brinde para quem comprar um smartphone Galaxy Note 3 no lançamento. Entre as pessoas que o testaram, porém, o sentimento predominante é de decepção. A maioria achou interessante fazer ligações de voz falando ao relógio, como o herói dos quadrinhos Dick Tracy.

Mas praticamente todos reprovam a interface com o usuário e reclamam da escassez de aplicativos para o relógio. Uma das críticas mais negativas foi publicada pelo New York Times: “Ninguém vai comprar este relógio, e ninguém deveria fazê-lo”, afirma David Pogue, responsável pelo teste no jornal.

Embora a maioria dos testadores concorde com Pogue em maior ou menor grau, muitos veem no Gear um prenúncio de futuros modelos que poderão, finalmente, agradar ao consumidor e fazer decolar essa categoria de gadgets.

“Espere um ano ou dois até a Samsung dar um polimento nessa coisa. Você poderá estar falando com seu pulso antes que perceba”, diz Jeremy Kaplan, da Fox News. A previsão parece correta. Mas, com tantas empresas competindo nesse segmento, não há certeza de que a Samsung será a primeira a chegar lá, é claro.

E vale lembrar que o Gear é a terceira tentativa da Samsung nessa área. Antes dele houve os relógios-celulares S9110, de 2009, e SPH-WP10, de 1999. Nenhum dos dois fez sucesso. Pelo jeito, haverá outros. Vejamos alguns detalhes sobre o Galaxy Gear.

Design

As opiniões sobre o design do Galaxy Gear variam. Alguns testadores gostam da aparência dele. “A combinação de metal escovado, frente sem botões e pulseira de borracha preta é bastante atraente”, diz, por exemplo, Andrew Hoyle, do site Cnet.

Outros acham o relógio grandalhão e ressaltam que ele é mais pesado que os concorrentes. “Pense nele como um tanque de guerra para seu pulso”, diz Vlad Savov, do noticiário The Verge.

“Nunca me senti confortável usando o Gear, que tem peso tolerável, mas muito mais perceptível que o do Pebble ou o do Sony Smartwatch”, completa ele.

Funcionamento

Um acessório como o Galaxy Gear deveria ser uma extensão do smartphone, tornando dispensável tirar o celular do bolso ou da bolsa para consultar informações, enviar e receber mensagens e atender a ligações. Segundo as análises, ele cumpre essa função apenas parcialmente.

O usuário pode usar o relógio para controlar a música que está tocando no smartphone. Também pode ler mensagens de texto nele. Mas ainda é preciso recorrer ao celular com frequência.

Quando chega um e-mail, por exemplo, o relógio avisa mas não mostra a mensagem, que é exibida apenas na tela do smartphone. É o que acontece com a maioria dos aplicativos. Os alertas no pulso acabam servindo apenas para lembrar o usuário de olhar o smartphone.

Compatibilidade

“Se você comprou um Galaxy Gear e não tem um dispositivo compatível, parabéns -- você acaba de comprar um tijolo”, diz Brad Molen, do blog Engadget. De fato, o Galaxy Gear é totalmente dependente do smartphone ou tablet ao qual se conecta. Sem essa conexão, ele é quase inútil.

Por enquanto, o Gear só é compatível com o enorme smartphone Galaxy Note 3 e com o tablet Galaxy Note 10.1. A Samsung promete acrescentar o Galaxy Note II, o Galaxy S4 e o S III a essa lista até o fim do ano.

Mas o relógio não deverá funcionar com aparelhos de outras marcas. Isso o torna utilizável apenas para quem possui um desses dispositivos da Samsung. É um público restrito, é claro.

Câmera

A câmera embutida na pulseira do Galaxy Gear é um item exclusivo, já que outros relógios inteligentes, como o Sony Smartwatch, não possuem câmera. O gadget da Samsung faz fotos de apenas 1,9 megapixel e só pode armazenar 50 delas. Os vídeos podem ter, no máximo, 15 segundos.

Mesmo assim, Vlad Savov, do Verge, achou a câmera divertida. Ele diz que a qualidade das imagens o surpreendeu. Outras pessoas discordam. Vejamos o que diz Zach Epstein, do blog BGR.

“A câmera protuberante na pulseira consegue estragar a aparência esguia do dispositivo. E, pior, a lente aponta para a pessoa à frente cada vez que você olha para a tela do relógio, dando a impressão de que você está sempre fotografando alguém.”

“Isso causa desconforto nas pessoas. E a qualidade das imagens captadas não é boa. Então, teria sido uma boa ideia deixar a câmera fora do Gear”, conclui Epstein.

Interface com o usuário

A queixa maior sobre o Gear é a interface com o usuário, descrita como confusa e inconsistente. Para David Pogue, do New York Times, “a interface com o usuário é um desastre de trem”. Basicamente, ela é formada pela tela sensível ao toque, o sistema de reconhecimento de voz S Voice e um único botão.

Para ter acesso aos recursos do relógio, é preciso deslizar o dedo pela tela para alternar entre 13 páginas diferentes. Há diversas combinações de toques e movimentos de dedo para acionar os comandos.

A câmera, por exemplo, é acionada deslizando-se o dedo para baixo, mas só na primeira tela. Se o usuário estiver em outra das 13 páginas da interface, terá de pressionar o botão para voltar á tela inicial.

O S Voice não funciona com todos os aplicativos. Assim, o acionamento por meio de comandos de voz é limitado a determinadas funções. Para usá-lo é preciso primeiro dar um duplo clique no botão ou um duplo toque na tela (não basta dizer “OK Galaxy”, de forma similar ao que se faz no Google Glass).

“É algo que não recomendamos se você estiver dirigindo ou pedalando. Para que o Gear se torne realmente ‘hands-free’, ele terá de ter um modo de escuta permanente”, diz Brad Molen, do Engadget.

Além disso, a variedade de comandos que o S Voice entende no Gear é muito menor que a que ele consegue entender nos smartphones da Samsung.

Molen especula que a Samsung pode ter limitado o uso do S-Voice para poupar a carga da bateria ou, talvez, por que o processador não tem potência suficiente para decifrar comandos mais complexos.

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