sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Celular vira chave de quarto em hotéis dos EUA

Natalie Keyssar for The Wall Street Journal
Os hóspedes que chegam ao hotel Aloft em Nova York ou no Vale do Silício logo poderão fazer algo que hotéis vêm há anos sonhando oferecer: passar direto pela recepção e entrar em seus quartos usando seus smartphones como chave.

A rede de hotéis, que pertence à Starwood Hotels & Resorts Worlwide Inc., planeja proporcionar essa facilidade até março em dois hotéis, um no bairro do Harlem, em Manhattan, e outro na cidade de Cupertino, na Califórnia.

Os hóspedes desses hotéis vão receber uma mensagem num aplicativo da Starwood contendo uma chave virtual que, através da tecnologia bluetooth, abrirá a porta do quarto com um toque ou giro do celular. A empresa afirma que o iPhone 4 ou modelos mais novos e os celulares que rodam a versão 4.3 ou mais recente do sistema Android serão compatíveis com a chave virtual.

Executivos da Starwood esperam que isso seja uma das maiores mudanças tecnológicas no setor hoteleiro desde a introdução das redes gratuitas de internet sem fio. "Acreditamos que se tornará o novo padrão de como as pessoas vão querer entrar num hotel", diz Frits van Paasschen, diretor-presidente da Starwood. "Pode ser uma novidade no começo, mas achamos que vai virar algo básico na administração de um hotel."

Nem todo mundo tem tanta certeza. Tentativas passadas de empregar a tecnologia para agilizar o processo de check-in tiveram resultados conflitantes.

Robert Habeeb, diretor-superintendente da First Hospitality Group, dona de 55 hotéis nos Estados Unidos, diz que retirou os quiosques de check-in de dois de seus hotéis da marca Holiday Inn porque eles quase não eram usados pelos clientes. Ele concluiu que muitos viajantes estão dispostos a sacrificar rapidez pela conveniência de falar com um funcionário e garantir que o quarto tem a vista e a localização que querem, ou tentar obter um melhor. Outros hóspedes podem querer ainda serem cumprimentados ao chegar.

A recepção de um hotel, diz Habeeb, "pode ser uma interação que as pessoas apreciam".

Hotéis nunca foram conhecidos por liderarem inovações tecnológicas. A indústria muitas vezes fica para trás, em parte porque muitos hotéis pertencem a uma empresa e são administrados por outra, complicando investimentos em tecnologia.

No entanto, muitos operadores de hotéis estão procurando maneiras de eliminar as filas que se formam diante do balcão da recepção. Esperar para fazer o check-in pode aborrecer viajantes frequentes.

"Todo mundo tem que fazer check-in, mas estamos fazendo isso praticamente do mesmo jeito que cem anos atrás", diz Christopher Nassetta, diretor-presidente do Hilton Worldwide Holdings Inc. "É algo que estasmo examinando seriamente."

O Marriott International Inc. introduziu um processo batizado de check-in móvel em 350 hotéis da rede Marriott, sua marca principal, em todo o mundo, e outros 150 devem oferecer o serviço ainda este ano. Membros do programa de fidelidade do hotel podem fazer o check-in pelo celular e, então, irem a um balcão de check-in separado para pegar a chave.

O InterContinental Hotels Group PLC está testando um processo semelhante para os membros de seu programa de fidelidade nos hotéis Crowne Plaza. O Hyatt Hotels Corp. oferece quiosques em alguns de seus hotéis e no Andaz, sua marca de luxo, funcionários portando iPads ficam espalhados pelo lobby para fazer o check-in dos hóspedes.

Os executivos do Starwood reconhecem que alguns clientes preferem que o check-in tenha um toque pessoal e dizem que não têm planos de remover os balcões de recepção. Mas, ao mesmo tempo, estão apostando que a chave virtual vai atrair aqueles cada vez mais acostumados a usar aparelhos móveis para coisas como encomendar comida ou comprar entradas de cinema.

Até o fim do ano que vem, a empresa, que é sediada no Estado de Connecticut, espera introduzir a chave virtual em toda a sua rede W Hotels e na Aloft, que hoje tem 123 estabelecimentos.

A Aloft e a W são cadeias mais novas que atraem um público jovem mais ligado em tecnologia. Hotéis mais antigos podem se deparar com custos proibitivos para modernizar fechaduras e a demanda de hóspedes por check-ins virtuais pode ser menor, dizem analistas do setor.

Van Paasschen diz que a reação dos proprietários do Aloft, que terão que pagar pelas fechaduras novas, tem sido de "muito entusiasmo". Ele não quis revelar os custos com que os donos da rede terão de arcar, dizendo que o "investimento não seria substancial" e que o Starwood faria uma "contribuição significativa" para essas despesas.

Ainda não está claro, porém, se as chaves virtuais se sairão melhor que as tentativas anteriores de contornar os check-ins tradicionais. Uma iniciativa, anos atrás, de permitir que os hóspedes usassem seus cartões de crédito como chave nunca pegou. Os hóspedes ficavam preocupados com a segurança e não queriam dar seus cartões de crédito a seus filhos para abrir a porta do quarto, por exemplo.

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