quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Smartphone invade o quarto e prejudica ritmo do sono

Segundo cientistas de Harvard, o uso de celular, tablet ou laptop próximo à hora de dormir pode causar insônia

SeongJoon Cho/Bloomberg
Problemas para dormir? Verifique se há algum brilho a algumas polegadas do travesseiro.

O uso de smartphone, tablet ou laptop próximo à hora de dormir pode causar insônia, segundo cientistas da Faculdade de Medicina de Harvard, que descobriram que ondas de luz de determinados comprimentos podem suprimir a melatonina, o hormônio que induz o sono no cérebro.

“Nós mudamos a nós mesmos biologicamente, de forma que não podemos ter sono mais cedo”, disse Charles A. Czeisler, professor de medicina do sono na Faculdade de Medicina de Harvard. “O mais impressionante é que ainda estamos tentando levantar junto com o galo”.

O resultado é menos sono, e menos tempo para o corpo se recuperar. Ter menos que 8 horas de sono de forma rotineira compromete o estado de alerta, o tempo de reação, a eficiência, a produtividade e o humor, segundo a Fundação de Saúde do Sono da Austrália.

Somente nos EUA, a receita das clínicas que tratam desordens do sono aumentou 12 por cento por ano entre 2008 e 2011, atingindo US$ 6 bilhões, segundo a IBISWorld. Motoristas sonolentos causam 1.550 mortes nos EUA por ano, estima o Departamento Nacional de Transportes, e acidentes no local de trabalho relacionados à insônia custam US$ 31,1 bilhões por ano, apontou um estudo do ano passado.

O sono insuficiente se tornou tão presente que é considerado, agora, uma epidemia de saúde pública, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

“O sono está travando uma batalha pelo nosso tempo com os horários de trabalho, a vida social e a vida familiar”, disse David Hillman, um especialista do sono do Hospital Sir Charles Gairdner, em Perth, na região oeste da Austrália, e presidente da Fundação da Saúde do Sono. “Para muitos de nós ele fica em um pobre quarto lugar nessa batalha”.

Muitos aparelhos

A Fundação Nacional do Sono dos EUA, em Arlington, Virgínia, encomendou uma pesquisa com 1.500 adultos selecionados aleatoriamente nos EUA, no Canadá, no México, na Alemanha, no Reino Unido e no Japão para entender o ambiente de seus quartos e seu efeito sobre o sono, na primeira Pesquisa Internacional de Quartos 2013.

Os resultados, publicados em setembro, mostraram que mais da metade dos consultados nos EUA, no Canadá e no Reino Unido, e dois terços no Japão, usaram um computador, laptop ou tablet menos de uma hora antes de ir para a cama.

Pelo menos dois terços das pessoas de todos os países consultados assistiu TV menos de uma hora antes de se deitar. Apenas metade dos consultados disse que tem uma boa noite de sono nos dias em que trabalha.

Ritmo do corpo

“Este é um problema massivo, especialmente quando o assunto é tecnologia”, disse Sarah Loughran, pesquisadora do sono da Universidade de Wollongong, no sul de Sydney.

“Não estamos falando apenas sobre telefones celulares, mas também de iPads, TVs, laptops. Uma porção dessas coisas está no quarto”.

Envolver o cérebro em informações excitantes ou provocativas pode desencadear respostas emocionais e hormonais, incluindo a liberação de adrenalina, diz Loughran.

“Em termos evolutivos, quando há alguma coisa para a qual você tem que dar uma resposta, vamos dizer, um pequeno pontinho de adrenalina, você está em uma modalidade que exige uma resposta”, disse Susan A. Greenfield, pesquisadora sênior da Universidade de Oxford, da Inglaterra, cujos interesses incluem o impacto das tecnologias modernas sobre o cérebro.

“Você precisa se colocar em um ambiente no qual você possa se sentir relaxado e seguro, onde você possa voltar para seu mundo interior pouco antes de dormir”.

O quarto ideal não tem nenhum brilho que distraia ou nenhum barulho, disse Greenfield, que também é membro da Câmara dos Lordes do Reino Unido.

O especialista do sono Russell Rosenberg, que assessorou a Pesquisa Internacional de Quartos, oferece um conselho simples: “Relaxe, desligue o celular e a TV e crie uma rotina mais prazerosa na hora de dormir”.

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